ESCOLAS CRÍTICAS
1.
Como aluno de uma escola, você é fiel e grato a seus
princípios.
O mundo pode ser complexo, mas sua mão é firme. E a
firmeza é pedagógica.
A contradição é macia no punho da mão forte.
Leia sempre a contrapelo. Lembre-se: mais vale atropelar a
literatura do que ser atropelado por ela.
2.
A literatura vira as costas para a realidade, por isso se
trai. A literatura se trai, por isso vira as costas para a realidade.
A redundância é a aflição do tolo.
Discuta sempre obras de autores paradigmáticos. O silêncio
sobre os demais é pedagógico.
O paradigmático pode ser o secundário, desde que não lhe
valha publicidade.
Não leia nunca a contrapelo os mestres consagrados; em
nenhuma hipótese, o nome do pai.
3.
Ao ler a contrapelo, atribua à obra seus próprios defeitos
de pensamento.
Use apenas elogios que você sabe que seu leitor possa
aceitar.
Elogie apenas aquilo que você pode, depois, denunciar.
Não tema em usar termos impróprios, se possível entre aspas, mesmo
que o autor estudado nunca os tenha pronunciado. Em seguida, denuncie seus
pressupostos.
Se o texto disser o oposto do que o interessa, argumente que
o texto acabou traindo o que o aflige. Se disser a mesma coisa, diga que é
isso o que o tormenta.
Se a forma do texto dificulta suas conclusões, conclua que é difusa, confusa, desdenhosa com a referência.
Se não souber o que fazer com uma ideia inteligente, ironize
seu refinamento.
Se perceber que citou errado o que foi lido, rápido,
corrija.
Se, no final das contas, realmente não souber o que fazer
com um texto, diga que leu, mas não gostou. Afinal, tudo é uma questão de recorte.
4.
Não transija. O leitor é suscetível de ser intimidado. E a
firmeza é pedagógica.
Mais vale atropelar a literatura do que ser atropelado por
ela.
Não se esqueça que a literatura contemporânea aguarda seu
juízo.
Seja poesia ou crítica poética é sempre a escrita que nos arremessa além, nos impele ao próximo passo. O prazer de conviver com a linguagem é sentido nas tuas obras e aqui no blog. Abraço Marcos!
ResponderExcluirObrigado, Gustavo!
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